Recebo muitas pessoas que relatam sintomas de tristeza profunda, desânimo, perda de interesse nas atividades e cansaço emocional. Muitas vezes, esses sinais indicam um quadro de depressão, uma condição séria, mas que pode ser tratada com acompanhamento adequado.
Falar sobre depressão é essencial para quebrar tabus, ampliar a compreensão sobre o sofrimento emocional e incentivar a busca por ajuda profissional.
O que é a depressão
A depressão é um transtorno do humor caracterizado por alterações persistentes no estado emocional, nos pensamentos e no comportamento.
Ela vai muito além de um simples momento de tristeza ou decepção — trata-se de uma condição clínica que afeta a forma como a pessoa sente, pensa e age, comprometendo o funcionamento no dia a dia.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5, APA, 2014), o Transtorno Depressivo Maior é definido pela presença de humor deprimido e/ou perda de interesse ou prazer por pelo menos duas semanas, acompanhados de sintomas físicos e cognitivos significativos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2023) estima que mais de 280 milhões de pessoas no mundo vivem com depressão — um número que reflete a importância de falar sobre o tema com seriedade e empatia.
Principais sintomas da depressão
Os sintomas podem variar em intensidade, mas geralmente incluem:
- Tristeza profunda ou sensação de vazio;
- Falta de energia e cansaço constante;
- Diminuição do prazer em atividades antes prazerosas;
- Alterações no apetite e no sono (para mais ou para menos);
- Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
- Sentimentos de culpa, inutilidade ou desesperança;
- Irritabilidade e isolamento social;
- Pensamentos sobre morte ou ideação suicida.
Nem sempre a depressão se manifesta de forma visível. Muitas pessoas continuam exercendo suas atividades, mas vivem em sofrimento silencioso. Pois as vezes, desconhecem o tema, ou acreditam que isso nunca vai acontecer ou as pessoas que estão a sua volta não acreditam nas suas condições, por muitas vezes, rotulam como preguiça, e frescura. Ou que esses sintomas podem ser curados de uma forma bem diferente, como se for a uma igreja, se acreditar mais em Deus, se tiver uma religião A ou B, ...
Causas e fatores de risco
A depressão possui uma origem multifatorial, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
Entre os principais fatores estão:
- Predisposição genética (histórico familiar de transtornos de humor);
- Eventos traumáticos (luto, separações, abuso, perdas significativas);
- Estresse crônico e sobrecarga emocional;
- Alterações hormonais ou condições médicas;
- Baixa autoestima, perfeccionismo ou padrões de autocobrança excessivos;
Falta de suporte social ou situações de isolamento prolongado.
OBS. As vezes, essas condições podem ser consequências de Bullying sofrido na infância ou na adolescência, no qual, as pessoas costumam se diminuir, perder a autoestima, e as vezes por falta de conhecimento, ou até mesmo por vergonha, não procurar ajuda ou apoio.
Esses fatores, quando combinados, podem desencadear ou intensificar o quadro depressivo.
Consequências da depressão não tratada
Sem o tratamento adequado, a depressão pode gerar impactos profundos:
- Comprometimento nas relações interpessoais e no trabalho;
- Aumento do isolamento e da sensação de solidão;
- Maior vulnerabilidade ao uso de álcool e outras substâncias;
- Agravamento de sintomas físicos (como dores crônicas e fadiga);
- Em casos graves, risco de suicídio.
O sofrimento emocional tende a aumentar com o tempo, reforçando a importância de buscar ajuda o quanto antes.
Quando procurar um(a) psicólogo(a)
- É importante buscar acompanhamento psicológico quando você perceber que:
- Está se sentindo triste ou desmotivado(a) por um período prolongado;
- Perdeu o interesse por atividades que antes eram prazerosas;
- Sente-se sem energia, sem foco ou sem perspectiva;
- Está com dificuldade para lidar com as emoções;
O sofrimento emocional está interferindo na rotina, nos relacionamentos ou no trabalho.
A psicoterapia, especialmente com base na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), tem ampla comprovação científica no tratamento da depressão. Ela ajuda o paciente a identificar pensamentos automáticos negativos, reestruturar crenças disfuncionais e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis.
Com o apoio psicológico, é possível reconstruir o senso de propósito e retomar o prazer pela vida.
OBS. Alguma vezes é necessário o apoio de um(a) psiquiatra
O acompanhamento psiquiátrico é fundamental quando:
- O sofrimento é intenso e persistente;
- Há presença de ideação suicida ou pensamentos autodestrutivos;
- Os sintomas impedem a realização das atividades diárias;
- O paciente apresenta sintomas físicos acentuados ou depressão recorrente.
O psiquiatra poderá indicar o uso de medicação antidepressiva, quando necessário, para auxiliar na regulação dos neurotransmissores e favorecer o equilíbrio emocional.
A combinação entre psicoterapia e tratamento medicamentoso costuma trazer os melhores resultados.
A depressão tem tratamento, e a recuperação é possível.
Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem e cuidado consigo mesmo(a).
Com o suporte adequado, é possível retomar o bem-estar, reconstruir relações e viver de forma mais equilibrada e significativa.
Se você tem se sentido sem energia, desanimado(a) ou sem perspectiva, saiba que você não está sozinho(a).
Falar sobre o que sente e procurar apoio é o primeiro passo para o processo de cura e transformação.
Referências bibliográficas
Cordioli, A. V. (2019). Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artmed.
Organização Mundial da Saúde (OMS). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva, 2023.
Clark, D. A.; Beck, A. T. (2012). Terapia cognitiva para transtornos de ansiedade e depressão. Porto Alegre: Artmed.






