Os jogos de apostas, especialmente os online, estão em toda parte: anúncios nas redes sociais, influenciadores falando sobre palpites esportivos, promoções e bônus que prometem ganhos rápidos. Essa exposição constante cria a sensação de que apostar é algo comum, até inofensivo. Mas o que começa como diversão pode se transformar em uma armadilha emocional e financeira. Quando o prazer de jogar dá lugar à necessidade de apostar para se sentir vivo, é sinal de alerta. Nesses casos, a terapia para vício em jogos é o caminho mais eficaz para recuperar o controle e reconstruir uma relação saudável consigo mesmo.
O vício em jogos é uma dependência comportamental, e seu poder está na forma como afeta o cérebro. A cada aposta, o corpo libera dopamina — o neurotransmissor do prazer — criando um ciclo de recompensa que reforça o comportamento. Com o tempo, a pessoa passa a precisar apostar cada vez mais para sentir o mesmo nível de satisfação. É uma espiral perigosa que mistura impulsividade, ansiedade e esperança. Mesmo diante de perdas, o impulso de tentar novamente é mais forte que a razão.
A terapia para vício em jogos ajuda o paciente a compreender essa dinâmica interna e a desenvolver novas estratégias de autocontrole. O psicólogo trabalha junto ao indivíduo para identificar os gatilhos que o levam a apostar — como o estresse, o tédio ou o desejo de compensar frustrações — e propõe caminhos alternativos para lidar com essas emoções. Ao longo do processo, o paciente aprende a reconhecer os sinais de recaída e a criar respostas mais conscientes aos impulsos.
Além do controle emocional, a terapia também atua na reconstrução da autoestima. O vício costuma gerar vergonha, culpa e autodepreciação. Muitas pessoas escondem o problema por medo de julgamento, o que reforça o isolamento e dificulta a recuperação. No espaço terapêutico, o paciente encontra acolhimento e segurança para falar sobre suas dificuldades sem ser condenado. A escuta empática é o primeiro passo para transformar a culpa em aprendizado e o arrependimento em ação.
Outro aspecto fundamental é o reconhecimento do vazio emocional que o jogo tenta preencher. Apostar, para muitos, é uma forma de lidar com a solidão, o desânimo ou a sensação de falta de propósito. A terapia ajuda a preencher esses vazios com experiências reais — fortalecer vínculos, desenvolver hobbies, investir em projetos pessoais — e a reconectar o indivíduo com a própria vida.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é especialmente eficaz nesse processo, pois ajuda o paciente a identificar e questionar os pensamentos automáticos que alimentam o vício, como “só mais uma aposta” ou “dessa vez vai dar certo”. Ao aprender a desafiar essas crenças, a pessoa retoma o domínio sobre suas decisões e emoções.
Em alguns casos, o tratamento é complementado com apoio psiquiátrico, especialmente quando há sintomas de depressão, impulsividade ou ansiedade. A combinação entre psicoterapia e acompanhamento médico aumenta as chances de recuperação duradoura.
Para muitos, a terapia online se apresenta como uma porta de entrada para esse processo. Ela oferece conveniência e discrição, permitindo que a pessoa busque ajuda de onde estiver, sem medo de exposição. O formato digital, antes associado ao jogo, torna-se agora um instrumento de cura e reconexão.
Recuperar-se do vício em jogos não é apenas deixar de apostar. É reaprender a se relacionar com o tempo, com o dinheiro e com as próprias emoções. É olhar para o futuro com consciência, sem depender da sorte para encontrar significado. A terapia para vício em jogos não oferece promessas rápidas — ela oferece liberdade: liberdade para escolher, para sentir e para viver de forma plena.



