Críticas excessivas

Críticas excessivas

Terapia de Casal
17/10/25
3 min
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Equipe mindee

Todo relacionamento envolve diferenças. É natural que, em alguns momentos, uma pessoa aponte algo que a incomoda na outra — seja um hábito, uma atitude ou até uma forma de se expressar. A crítica, quando feita de forma respeitosa, pode até ser construtiva e abrir espaço para ajustes importantes na convivência.
O problema surge quando criticar deixa de ser exceção e passa a ser regra, transformando a relação em um ambiente onde os defeitos são constantemente ressaltados e as qualidades, esquecidas.

Viver sob críticas excessivas mina a autoestima, abala a confiança mútua e cria um clima de tensão permanente. Neste artigo, vamos explorar por que isso acontece, como se manifesta no dia a dia e quais os impactos desse comportamento sobre a relação.


A linha tênue entre crítica construtiva e destrutiva

Nem toda crítica é negativa. Uma crítica construtiva é feita com cuidado, em tom de parceria, buscando uma melhora para o relacionamento. Por exemplo: “Gostaria que dividíssemos melhor as tarefas da casa”.
Já a crítica destrutiva tem outro tom: ela diminui, julga ou ataca a pessoa em vez de focar no comportamento. Por exemplo: “Você é preguiçoso, nunca ajuda em nada”.

A diferença está na intenção e na forma de comunicação. Enquanto a crítica construtiva busca solução, a destrutiva gera ressentimento. Quando as críticas destrutivas se tornam frequentes, deixam de ser uma forma de diálogo e passam a ser uma forma de ataque.


Como as críticas excessivas se instalam no relacionamento

Críticas frequentes raramente surgem de repente. Geralmente, elas se instalam aos poucos, à medida que pequenos incômodos não são resolvidos de forma saudável.
Com o tempo, apontar defeitos vira hábito, e até os momentos de leveza passam a ser atravessados por comentários negativos.

Alguns exemplos comuns:

Reclamar constantemente da forma como o outro fala, se veste ou se comporta.


Transformar pequenas falhas em grandes discursos de insatisfação.


Usar ironia ou sarcasmo para diminuir o outro.


Comparar com outras pessoas de forma depreciativa.


Corrigir gestos, palavras e atitudes de maneira repetitiva.


Esse comportamento pode se tornar tão automático que quem critica muitas vezes não percebe o impacto que está causando. Para quem recebe, porém, cada crítica se soma à anterior, criando um peso emocional cada vez maior.


Por que alguém critica tanto?

As críticas excessivas podem ter diferentes origens, e nem sempre têm a ver diretamente com quem é criticado. Muitas vezes, refletem questões internas de quem critica:

Insatisfação pessoal: frustrações internas podem ser projetadas no parceiro.


Perfeccionismo: expectativas irreais sobre como o outro “deveria ser” geram cobrança constante.


Necessidade de controle: criticar é uma forma de tentar dominar a relação.


Mágoas acumuladas: ressentimentos antigos que não foram resolvidos ressurgem em forma de críticas diárias.


Modelos aprendidos: pessoas que cresceram em ambientes críticos podem reproduzir esse padrão sem perceber.


Independentemente da causa, é importante reconhecer que a crítica constante não promove crescimento — apenas gera distância.


O impacto das críticas excessivas na autoestima

Ser alvo frequente de críticas corrói a autoconfiança. Aos poucos, a pessoa começa a duvidar do próprio valor e a sentir que nunca é suficiente.
Esse processo pode levar a sentimentos como:

Insegurança ao tomar decisões simples.


Medo de errar e ser novamente criticado.


Sensação de inadequação constante.


Desânimo e falta de motivação dentro da relação.


Além disso, quando a crítica vem justamente de quem deveria oferecer apoio e acolhimento, o impacto é ainda mais profundo. O relacionamento, que deveria ser um espaço de segurança, passa a ser um lugar de tensão e desgaste.


Quando a crítica vira desprezo

Um dos maiores perigos das críticas excessivas é quando elas ultrapassam o limite da insatisfação e se transformam em desprezo.
Frases como “Você não serve para nada”, “Ninguém aguentaria viver com você” ou “Você sempre estraga tudo” não apenas criticam — humilham.
Esse tipo de postura é um dos indicadores mais sérios de que a relação está em risco, pois mina a admiração mútua, um dos pilares fundamentais da convivência saudável.


O ciclo da crítica: quanto mais se critica, menos se aproxima

As críticas constantes criam um ciclo difícil de romper:

Crítica: um dos parceiros aponta o defeito do outro.


Defesa ou ressentimento: quem é criticado reage se defendendo ou se fecha emocionalmente.


Distanciamento: cresce a sensação de falta de compreensão.


Mais críticas: o parceiro, frustrado pela distância, critica ainda mais.


Novo afastamento: o ciclo se repete, tornando a relação cada vez mais tensa.


Nesse processo, a intimidade emocional se perde, e a relação passa a ser definida mais pelos defeitos ressaltados do que pelas qualidades lembradas.


O silêncio que a crítica gera

Um dos efeitos mais comuns das críticas excessivas é o silêncio. Muitas pessoas, cansadas de serem constantemente apontadas, passam a evitar conversar, compartilhar sentimentos ou até expressar opiniões.
Esse silêncio não significa paz — é um reflexo do medo de ser julgado.
Com isso, o casal perde um de seus maiores recursos: o diálogo verdadeiro. A relação se torna superficial, e a desconexão cresce ainda mais.


Quando a crítica revela algo além

É importante lembrar que, muitas vezes, as críticas não são apenas sobre o comportamento imediato. Elas podem revelar frustrações maiores — com a relação ou consigo mesmo.
Por trás de um “você nunca presta atenção em mim” pode estar a dor de não se sentir valorizado.
Por trás de um “você faz tudo errado” pode estar o medo de perder o controle da relação.

Ou seja: a crítica pode ser um pedido de atenção mal expressado.
O problema é que, quando se acumula em excesso, esse pedido deixa de ser entendido e passa a ser interpretado apenas como rejeição.


Conclusão: críticas podem construir ou destruir

A crítica tem um papel importante em qualquer convivência: ela pode apontar caminhos, trazer ajustes e fortalecer a parceria. Mas quando se torna excessiva, perde sua função e se transforma em um agente destrutivo, minando a autoestima, a admiração e a conexão emocional.

Reconhecer esse padrão é essencial. O excesso de críticas não significa necessariamente que não exista amor, mas indica que algo está sendo mal comunicado — e que o vínculo corre o risco de se transformar em um espaço de julgamento em vez de acolhimento.

Em um relacionamento saudável, a crítica não é arma, mas diálogo. Ela não diminui, mas constrói. Não humilha, mas aproxima.
O desafio está em transformar a forma como apontamos nossas insatisfações para que a relação continue sendo um espaço de afeto, respeito e crescimento mútuo.


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