É 2025, passamos recentemente por uma pandemia, o que eu acredito ter causado um lapso de tempo em todos, ouvimos áudios nos aplicativos no 2x por falta de tempo, não atendemos mais ligações e nem chamadas de vídeos para não ter que falar com maisninguém. Vivemos em tempos onde tudo precisa ser o mais breve possível, aqui incluso relações, emoções, nada parece durar. Por mais que seja “costume” que seja assim ao mesmo tempo isso causa uma angústia.
Tentamos, de modo que considero até paradoxo, congelar, guardar o tempo, ao mesmo tempo que, sem perceber, deixamos o momento passar ao realizar esse movimento.
Um exemplo para ilustrar: ao chegar uma comida em um restaurante paramos para tirar uma foto, ao invés de estar ali presente nesse momento. Mas aí é que tá! tentamos eternizar algo, mas sem de fato viver aquele momento. Parece que de algum modo temos algo que nos impede de aproveitar esse instante, que vai acabar, enquanto tentamos eternizar digitalmente para lembrar depois.
A Transitoriedade é, por definição, a característica do que é momentâneo, temporário ou efêmero. Freud em seu texto “A Transitoriedade” de 1916 já falava sobre isso, ele fala sobre um poeta que diz que fica com muita raiva das coisas belas acabarem, o que o autor vai contestar dizendo que o fato de algo acabar não tira o valor da experiência, e é exatamente o fato dela ser temporária que faz com que se torne bela. Aquilo que é eterno se torna indiferente, afinal sempre estará lá.
O que é passageiro exige algum tipo de cuidado, afinal sabemos que passará. E é isso que torna as coisas, momentos e até pessoas valiosas, afinal tudo passa e acaba.
Essa coisa breve está em cada detalhe no nosso dia, está naquilo que escapa. A cada vez que, seguindo exemplo acima, optamos por tirar a foto do alimento em uma falha tentativa de eternizar o momento estamos indo na contramão, sem estar presente naquele momentoque logo logo será finalizado.
O que foi vivido com presença fica marcado dentro da gente e talvez a mídia não consiga guardar tudo isso.
Se sabemos que algo vai acabar, o que nos impede de aproveitar enquanto ainda temos?
Será que isso não deveria ser sentido de fato por ser breve? afinal, quem te garante que você terá de novo?




